segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Temos obra

Após 7 meses de longo período de seca, chegou o tempo das chuvas e, com ele, o verde das montanhas...

Este fim-de-semana foi o último antes do Natal e o último em que tive oportunidade de ir a Aileu antes de começar a escola. O stress do costume: afinal não tinham pintado as paredes mas sim o tecto (o contrário do que eu tinha dito, sendo que era um tecto totalmente novo), ainda não havia divisória, nem cadeados...

No sábado andámos de manhã a comprar tinta, porque como o tecto foi pintado, já não havia para as paredes. E ainda fomos buscar uma televisão e um DVD que foi oferecido pela Maria. Pretendíamos sair nesse dia, mas depois de uma fila de meia hora para sair de Díli, achámos que íamos chegar muito tarde e não ia render nada.

Domingo, às 8.30 partimos quatro em direcção a Aileu. Depois de 2 horas de viagem, sempre a entrar e a sair do carro (o carro era baixo, e a cada buraco tínhamos de sair do carro para não pesar tanto; imaginem quantas vezes fizemos isso). Tínhamos um longo trabalho pela frente. Os "artistas" puseram-se logo a pintar... e eu a organizar os últimos materiais para o início da escola.

Enquanto uns pintavam, outros arranjam as portas, outros punham redes nas janelas, os cadeados nas portas, tapam as frinchas com restos de madeira, etc.


Eu e a D. Lúcia estivemos encarregues da montagem dos dois espaços - Jardim-de-Infância e ATL.


No fim, ficou uma grande obra. Mas continua a faltar a divisória para separar as salas (que espero que seja posta antes do arranque das aulas), pintar as portas (de vermelho, como a outra escola), e as paredes em palmeira (só com pistola de pressão, de outra forma a tinta não agarra, como irão ver nas fotos).
Falto eu também acabar o abecedário e fazer um novo quadro das alturas. Ah, e falta uma mesa amarela que desapareceu misteriosamente numa semana para os trabalhos das crianças, e a televisão e DVD (não cabia no carro). No entanto, deixo-vos umas fotos com o resultado parcialmente final (para minha tristeza, ainda não pôde ser agora, mas pelo menos está orientado para o início da escola).

Por falta de espaço, tivemos de resumir o Jardim apenas a 4 espaços, ao contrário da sala. O espaço da imaginação e jogos ficaram juntos (logo a primeira carpete), e depois temos em frente o espaço da matemática, do lado direito ao fundo o espaço da leitura e do lado direito atrás (não dá para ver) é o espaço das actividades conjuntas. No meio ficará a mesa amarela desaparecida, com um armário para arrumação.

O ATL tem uma mesa comprida com os jogos e a biblioteca ao lado (o armário também vai ser pintado). Ao lado esquerdo (não dá para ver) tem a mesa de trabalho e no meio tem os bancos em bambu (oferta do Paulo) onde ficará a televisão para os domingos de manhã. A ideia é pintar a parede em palmeira com várias cores, mas fica para o próximo mês.

Para Janeiro já sei que posso contar novamente com os "operários" :) para darmos continuidade à obra. Para aqueles que contribuiram para esta obra, um obrigado muito grande. Com o vosso apoio, conseguimos já fazer um tecto falso, mudar duas portas, comprar tinta e alguns materiais necessários para as novas salas (caixas de arrumação etc.)
E eu digo um "até já" a Timor, porque vou passar o Natal a casa e só voltarei em Janeiro.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Um bem haja à Mana Lu

Finalmente veio o reconhecimento... de 20 anos ao serviço dos que mais sofrem. A Mana Lu recebeu ontem o "Prémio dos Direitos Humanos Sérgio Vieira de Mello", pelas mãos do Presidente da República de Timor-Leste.

Mais do que ninguém, mereceu-o... não só pelo serviço que faz mas pela força de levar todos a segui-la. E bem o sabem os meus irmãos do G.A.S.Porto.

À noite tivemos festa em Tibar, missa seguida de jantar com a comunidade. E lá estivemos com as palavras sábias da Mana Lu, sempre a comover-nos com a sua fé e o seu entusiasmo. Não vos sei explicar, mas quem a conhece sabe. É impossível ficar indiferente a esta missão, mas ao mesmo tempo é um peso tão grande...

Um bem haja à Mana Lu

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Há dias em que não há sol

Costumo dizer que em Timor o sol nasce sempre... mas naqueles dias em que não nasce, o céu está mesmo escuro. E os últimos dias têm sido assim...

Se as obras não estão prontas, porque é que esperam que eu vá lá para ver que não estão?
Se não há material, porque é que esperam que eu vá lá para me dizerem?
Se a porta é grande demais, porque é que não a cortam em vez de pedirem uma porta nova?
Se eu já disse que tem de estar tudo pronto até dia 7, porque é que não está, se eu já só tenho 2 fins-de-semana antes de ir a Portugal?
Se as obras estão a decorrer, porque é que querem mandar os carpinteiros para outro lugar?
Se não há material e os carpinteiros estão sem nada para fazer e eu a pagar, porque é que o camião tem de ir buscar cimento primeiro?

Bem, mas já teremos multi-mistura para o arranque das aulas, e estamos agora nos últimos preparativos relativos à decoração da nova sala e dos materiais necessários para ambas as salas. Este fim-de-semana tivemos a fazer a selecção dos materiais que chegaram há pouco tempo da Austrália. Tem sido um correr contra o tempo, é o calendário, é o quadro do comportamento, é o quadro das presenças, é as actividades que também não estão prontas, é a sala que não está pronta. E ao mesmo tempo, os meus dois empregos em Díli.

É certo que têm sido dias escuros, mas às 8 da manhã em Díli já está um calor que não se aguenta (literalmente a escorrer água)... quem diria que estamos no Natal.

Entretanto, fica uma fotografia de um dia de cores...