terça-feira, 25 de maio de 2010

Nova vida


Tivemos uma boa notícia.... daqui a 4 anos teremos mais uma criança no nosso Jardim das Sementinhas... Pois é, a professora Lúcia está grávida do 5.º filho (o que não é muito, tendo em conta que as famílias timorenses possuem em média 6 filhos). A nova sementinha irá nascer em Outubro, mas a D. Lúcia adiantou logo que jamais perderia as formações de Agosto. Vamos ter de arranjar uma substituta que provavelmente será a Lourença que tem estado à frente do ATL e que tem participado nalgumas aulas da infantil, porque também quer aprender.

Comemorámos recentemente o Dia da Independência, no dia 20 de Maio. Foi feriado e todos nos aconselharam a ficar em casa, porque há muito que se falava na ocorrência de conflitos. Afinal nada de especial. Aqui fala-se muito, ouvem-se muitas coisas, muitas vezes contraditórias, mas a estratégia é retirar um pouco de informação de cada uma das afirmações e juntá-las, porque cada uma tem um fundo de verdade. Um exemplo simples: No outro dia estava no aeroporto (como sempre a acompanhar alguém que partia de férias, sou sempre eu que fico) e vejo chegar um caixão. Mais tarde ouvi a história de que um rapaz timorense tinha falecido em Jacarta num acidente de viação e sido trazido para Díli. Afinal, era uma rapariga timorense que tinha morrido em Jogjakarta, vítima de dengue. No final, as informações comuns eram “cidadão timorense que morreu na Indonésia”. Como vêem, tudo tem um fundo de verdade...

Aprendi também com as minhas professoras a construir estes puzzles. São amigas, mas muitas vezes é cada um por si. Quando alguma me telefona a fazer queixa, também porque me quer impressionar, imediatamente ligo à outra. Das duas histórias retiro uma verdade aproximada. É um jogo mental extremamente cansativo.

O ATL continua a funcionar normalmente aos domingos... o único problema é que nos cortam agora a electricidade às 11h da manhã. Logo, entre a saída da missa e as 11h não há grande tempo de ver pela quinquagésima quinta vez a Cinderela. Em contrapartida, ficam a estudar e a brincar até à hora do almoço.

O Jardim-de-Infância já tem os cabides para pendurar as toalhas que recebemos através dos presentes solidários. (ainda não tenho as fotografias). Os nossos baloiços, de facto, já não têm grande emenda, só mesmo desfazer e refazer. Na semana passada, tivemos a visita de um Polícia que nos veio falar de segurança e esta próxima seremos visitados por um enfermeiro que nos virá explicar a importância da nossa saúde e de como a vacinação é importante.
A sala da D. Lúcia já tem umas carpetes novas em espuma que consegui desencantar aqui, muito engraçadas por acaso... já nos conseguimos livrar daquelas carpetes que só acumulavam pó, lixo e bicharada. O próximo passo será a sala da D. Mafalda, mas como a sala é maior, a despesa será também maior.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Distribuição dos Presentes Solidários

Tinha recebido uma notícia triste... o apoio que íamos receber para o salário das professoras ficou congelado, até a "Avó" Mary Anne gastar o dinheiro que tem para nós podermos receber o nosso. Na sexta, às 21h recebo uma chamada da Alemanha: "olhe, soubemos do seu trabalho e queríamos dar 850 euros para o seu Jardim-de-Infância em Aileu." Não sei quem foi (claro que entretanto já tenho o nome), mas foi como caído do céu. Claro que para salários não chega, mas cobre outras despesas e o restante vai-se arranjando.

Este fim-de-semana foi o dia da distribuição dos Presentes Solidários. Todas as crianças apareceram na escola para a sessão de fotografias.














Vestiam os seus melhores trajes, porque há muito que corria a notícia de que viria ajuda de Portugal. Alguns pais vieram também para assistir à chegada do tal ansiado carro com as mercadorias.


















A todos os que contribuíram para este grande presente, um muito obrigado das nossas crianças!

Depois da sessão fotográfica, seguiu-se uma pequena reunião com as professoras, em que se preparou os programas para as próximas duas semanas, dado que segunda começava a escola. E aconteceu uma coisa engraçada: um dos temas para o mês de Julho será a Água, e uma das aulas que propus foi ler a história “A Menina Gotinha de Água” que entretanto traduzi para Tétum. Então perguntei-lhes: "Mas vocês sabem porque chove?" E elas: "Bem, porque as plantas precisam de água para crescer.” Então percebi que elas não sabiam, e expliquei-lhes com base na história. Acabaram por dizer: “A mana tem razão; quando chove há nuvens.” E percebi ainda que para elas, ser professor, também é ser aluno. E se calhar ao contrário do que os profissionais pensam, fiquei contente, porque é assim que uma nação nasce.