terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Apresentações e progressos

Apresento-vos a Francisca:

A Francisca é a nova assistente da D. Lúcia. A Beatriz conseguiu entrar num curso de formação de professores em Díli e teve de nos deixar. A Francisca é uma senhora mais madura, com alguma experiência de ensino primário, mas sem formação formal. Estará este mês em experiência na nossa escola. Ainda não tivemos oportunidade de nos conhecermos bem, mas algo que apreciei: tinha preparado a leitura de uma história para nos apresentar na reunião de trabalho. Apreciei o esforço!
Apresento-vos também a Maria – que já conhecem - e o Giovanni.

O Giovanni foi mais uma das crianças abandonadas pelos pais que esteve ao cuidado da Mana Lu em Dare e que, este ano, por já ter 4 anos, veio para Aileu para a nossa escola. Com os dois é o fim da macacada. Em casa, sobem a uma cadeira para praticarem no quadro as letras que já aprenderam na escola. A Maria, apesar de ainda ter 3, já anda lá na escola, uma vez que sempre estive em contacto com as nossas crianças. Penso que foi graças a isso que hoje fala, porque até há um ano atrás não dizia nada.

Esta semana estivemos a treinar os puzzles. Enquanto as via a treinar, foi quando me apercebi da importância deles e da dificuldade que têm ao fazê-los.

Parece estranho, porque para mim é um dado adquirido – tentar perceber a imagem em cada peça (o direito e contrário), se tem uma saliência procurar outra peça que tenha uma recorte – tudo isto é um conceito novo. Para mim, algo que tem um recorte encaixa numa saliência, claro! Para elas, não é assim tão óbvio. A falta de imagens e conceitos é algo que ainda me fascina. Nesse aspecto, penso que a escola não tem sido só para as crianças. Se eu pensar no caminho que já percorremos, é muito difícil sequer explicar o progresso.

Umas das coisas que também me deixa contente é que elas, por iniciativa própria, sem sequer me dizerem, se reúnem agora à sexta-feira à tarde para praticarem as matérias. Fantástico, certo? Vamos recuar apenas dois anos, em que vinham para as aulas e era quando viam o programa pela primeira vez. Ou, por exemplo, ver a D. Mafalda, sempre a mais “difícil” de todas, me apresenta uma leitura fluida de uma história com gestos, diferentes entoações de voz, quando até à um ano atrás era tudo a solavancos. O que posso chamar a isto? Progresso!

Ou até mesmo vê-las a falar da escola e dos programas à Francisca, das regras e das tarefas partilhadas, da importância dos assuntos internos serem resolvidos dentro da escola (e não com os vizinhos)... Progresso!

O meu coração está agora 85% tranquilo.

Ah, os primeiros rabiscos já começam a aparecer a enfeitar as nossas paredes. Este desenho é de uma criança de 4 anos!


1 comentário:

  1. Felicito os bons resultados e progressos verificados e não tenho dúvidas que muito se deve ao seu empenhamento e esforço, em circunstâncias manifestadamente difíceis!

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