segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Mundo do avesso

Na semana passada, uma pedagoga australiana me dizia que não se devia começar com o programa das virtudes com a turma dos 4 anos. E que a escrita era também difícil para as crianças e que o melhor era começar só com a turma dos 5 anos. Eu fiquei a pensar nisso e apresentei a proposta ontem às professoras de tirar pelo menos o programa das virtudes do horário dos 4 anos. Elas ficaram admiradas e disseram: "Mana, mas eles sabem perfeitamente o que significam as virtudes." «Eu sou responsável quando cumpro as tarefas que a minha mãe me dá»- dizem eles.

Agora eu pergunto-me: será que nós é que estamos enganadas, ou são os pedagogos, ou agora protege-se tanto as crianças que nem se permite o desenvolvimento? Ontem reparei na filha da Lourença de 3 anos que veio com a mãe à reunião.

Enquanto distraída ao nosso lado, soletrava as letras de uma caixa com que brincava. Claro que tendo uma mãe professora em casa... Mas será que está errado, é prejudicial, ter 3 anos e reconhecer as letras.

No outro dia assisti a uma conferência em que uma perita internacional dizia que uma escola não podia ter escadas. Mas em Timor, onde uma criança já anda de catana na mão aos 3 anos, sobe e desce às árvores com uma facilidade que nem eu consigo? Anda sobre paus e pedras descalça? Uma coisa é certa: as crianças timorenses estão muito melhor preparadas para a vida do que as ocidentais...

Mas depois destas reflexões, apenas a acrescentar que já estamos nos preparativos da festa dos finalistas, pois estamos a chegar ao fim do 4.º ano... Muito promete esta festa... As mães mais uma vez, para além da contribuição financeira (sim, porque não há dinheiro para pagar o 1 dólar que se pede na inscrição, mas para festas já há 5 dólares disponíveis), virão fazer os preparativos na cozinha.

Já agora: fica um céu de estrelas. Estivemos a dar o tema "Noite e dia" e fez-se este céu que se colou no tecto

4 comentários:

  1. Excelente questão aqui levantada!

    É de esperar que pedagogos e outros peritos reconheçam e aceitem o contributo daqueles que no terreno têm experiência de como as coisas funcionam e sobretudo que fiquem cientes das especificidades de cada projecto.

    O nível de envolvimento das crianças e dos pais e o aproveitamento que tirarem dos ensinamentos que lhes forem ministrados serão determinantes para avaliar se o caminho escolhido está correcto. Tudo indica que sim!

    Finalizo, saudando mais uma vez o inestimável trabalho que aí está a ser desenvolvido.

    Até breve!

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  2. Olá Carlos, da minha parte, só tenho de agradecer que seja um fiel seguidor do nosso trabalho e pelo apoio que nos tem dado.

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  3. Minha querida,
    As crianças estão com o ritmo que lhes foste impondo e pelo que contas estão ávidas de saber...
    Continua com a tua rotina: tinhas um programa para o 4 ano, segue-o... Ninguém melhor do que as pessoas que estão ao lado das crianças no dia a dia para se aperceberem se devem ou não avançar para um novo patamar de aprendizagem...
    Beijo enorme!
    Cris

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  4. Olá Clarisse, muito obrigado pelas suas palavras! A forma como tem divulgado o vosso trabalho através do blogue é cativante! Eu é que tenho de lhe agradecer por dar a conhecer um projecto tão interessante como o Projecto Casa Aberta e de mostrar de forma tão simples e clara como o mesmo está a ser desenvolvido. A vossa acção tem muito mérito. Lamento não estar em condições, principalmente de saúde, para poder apoiar mais mas continuarei a vir aqui para saber o que se vai passando. Até breve!

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